Pobre
árvore prisioneira!
Jaqueline Marli da Costa
Pobre árvore prisioneira!
Que está à mercê dos eucaliptos
Que ali foram plantados ao seu redor.
Fazendo-a perder não só a vida
Mas também sua dignidade
De produzir seus próprios frutos talvez,
Fazendo-a perder não só a água, a seiva da vida,
Impedida de sobreviver ao tempo.
Perdeu sua identidade?
Nada descansa debaixo da sua sombra...
Somente podes contar com os eucaliptos enormes,
Altivos, de troncos firmes e elegantes
Que se quer, sabem
porque estão ali
Mas sugam sua vitalidade, porque roubam seu espaço,
Roubam seu
alimento, deixando-a à mercê da sua própria existência...
Ou inexistência...
Mal sabem eles, que escravos,
Seu destino está contado...
Em breve serão cortados
E nada mais que em carvões serão transformados,
Sucumbindo ao fogo do
opróbrio...
Assim também somos nós
Pobres árvores humanas...
Ou desumanas
Desalmadas, sempre prontas
A receber o que vier da vida,
Sem ao menos reclamar
Que temos também, tanto quanto as árvores,
Necessidades vitais de água, de sais minerais,
De respirar ... Mas que às vezes expelimos gás carbônico,
Em vez de oxigênio
No entanto, temos também, “eucaliptos” ao nosso redor
Que sugam a nossa dignidade, nossa força, a vitalidade
E assim, desanimados, como a árvore sem vida
Nos tornamos pessoas frias, “pacientes”, calculistas,
À mercê do mundo, da sociedade que corrompe
Aceitamos inertes, as raízes dos “ eucaliptos”
Que nos fazem ficar indiferentes às situações
Assim somos nós,
pobres árvores desumanas,
desnorteadas, sem rumo, sem graça,
prisioneiras da vida!
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