(Jaqueline
Marli da Costa )
Ela era uma árvore grande,
frondosa, muito velha.
Seus galhos tortuosos, já não suportavam mais
o peso das próprias folhas.
Estava
lá, na beira de uma estrada, solitária, embaixo de um Sol escaldante.
Passava por ali um trabalhador que vinha da
roça a caminho do arraial de Ponte Nova, já de tardinha.
Resolveu parar para descansar um pouco e se refrescar. Trazia nas costas a
velha enxada
e um embornal que levara
envolvendo sua marmita.
Parou
debaixo da árvore e sentou-se por entre suas raízes grossas, que saltavam ao
chão.
Recostou-se em seu tronco de cascas grossas,
onde pôde perceber alguns rabiscos, feitos por outras
pessoas, que algum dia, também pararam por ali para descansar. Percebeu
desenhado, um coração cortado por uma flecha, um jogo da velha, uma caricatura,
duas letras A x J, que indicavam uma possível paixão entre jovens.
O
homem, sem hesitar, pensou: ”Puxa, essa árvore tem história! Ela deve saber
tantos segredos! Parece-me tão antiga e cansada! Mas ainda dá uma boa sombra.”
Então
se deitou para tirar um cochilo. E sonhou...
De
repente, ouviu uma voz rouca e cansada lhe chamar pelo nome: __João,
João, acorda!
Olhou
em volta assustado, não viu ninguém. Ouviu de novo a mesma frase. Olhou
novamente e percebeu que era a árvore quem falava com ele.
João,
ainda meio assustado perguntou à árvore:
_
Como posso estar ouvindo você? Árvores não falam.
_ Mas
eu sou especial e posso falar com você.
_
Qual é a sua idade?
_
Eu já tenho tantos anos que já nem sei mais.
_
Parece-me muito cansada, dona árvore. Como você se chama?
_
Me chamo Cedro, e estou muito cansada mesmo!
Já vivi tantas histórias, que minha vida, essa nem vi passar.
_
Puxa, Cedro! Já estou velho também e me sinto tão fraco! Eu gostaria de ser
como você, que não precisa nem trabalhar, mas sabe se sustentar assim mesmo.
_
mas você é uma árvore, como eu. Quer ver?
Eu
tenho raízes que me alimentam e me sustentam. Elas me fazem ficar firmes no
chão e não me envergo com os vendavais. Suas raízes também o ajudam a sustentar-se. São suas
pernas e com elas, podes caminhar por
esse mundo de Deus e buscar seu próprio alimento.
Tenho um caule, por onde correm as seivas, e por
onde são transportados os sais minerais
e a água. Com ele sustento meus galhos, as folhas, as flores e os meus frutos.
Você também tem tronco, por onde corre em suas veias, o sangue que alimenta o
seu corpo. Seu tronco também sustenta seus braços, pernas e sua cabeça...
Tenho
muitas folhas, que me ajudam a respirar. Através delas, fabrico meu alimento
fazendo a fotossíntese. Transformo o gás carbônico em oxigênio, para vocês
respirarem e sobreviverem. Mas ultimamente, tenho respirado ar poluído, cheio
de fumaça, dificultando a transformação do gás carbônico em oxigênio, que está ficando mais escaço.
Você
tem nariz, por onde respira o oxigênio que produzo. Por isso lhe digo que não
podes destruir as árvores, nem poluir os ares que nos rodeiam, pois o que vocês
vão respirar sem nós?
Eu
possuo flores, que delicadamente enfeitam e perfumam o meio ambiente. Em
muitas árvores, as flores caem, viram
doces e deliciosos frutos que alimentam vocês, suas famílias e os animais.
Você
com certeza floresceu ao longo de sua vida e deve ter dado bons frutos também.
Nossos frutos contém sementes que, quando espalhadas
pelo vento e pelos passarinhos, podem ser plantadas pelas crianças ou pelos
adultos e futuramente, poderão virar
novas árvores, como eu.
E
você? Onde estão suas sementes? Terão brotado em algum lugar por onde passou?
Você deixou boas sementes para que dessem bons frutos? Deixou-as cair em terra
boa e as cultivou ou simplesmente desanimou e deixou que o vento as levasse
para lugares escuros, sem chances de brotarem? Olhe bem que suas sementes serão
seus reflexos no futuro!
A
voz da árvore estava ficando baixinha, longe...
De
repente, com uma folha caída bem na ponta de seu nariz, João acordou, sentou-se
e pensou nas palavras que ouvira no sonho. Pensou: “__ Puxa,que sonho mais
esquisito! O que será que isso quer dizer"?
Levantou-se,
abanou a poeira, olhou para a velha
árvore, que balançava seus galhos, como se estivesse acenando para ele. Então
entendeu a mensagem. Sorriu... e foi embora cultivar as sementes que ainda lhe
fossem possíveis, já que estava tão velho como aquele cedro da estrada.
“Devemos
cultivar sementes boas, enquanto vida tivermos, sem desanimar. Mesmo cansados,
conseguiremos vencer, se tivermos perseverança. Cultivando com amor, com
certeza, ao longo de nossa vida, haveremos de colher bons frutos. Devemos não
só plantar as sementes, mas principalmente cuidar, regar, revolver a terra,
para que se desenvolvam e nos deem bons frutos no futuro”.
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