QUEM TEM SAUDADES?
(Jaqueline Marli da Costa)
Do pau-a-pique da vovó
Feito na fornalha
Aquecido pelas brasas
E enrolado na palha?
Do pão de queijo mineiro
Feito pela titia
Que nos convidou para o café
Em sua casa um dia?
Do biscoito frito da mamãe
Nas tardes da nossa infância
Enrolado parecendo o oito
Que delícia desse biscoito!
Do feijão da vovó no almoço
Delícia! Temperado com alho e sal
Com um ponto de farinha
Tutu com torresmo, couve picada,
que tal?
Do biscoito doce de fubá
Enrolado na folha da bananeira
Que criança não gostava
Do banho gostoso na cachoeira?
Do doce pé-de-moleque
No tabuleiro enfarinhado
Que saudade do cheirinho
Do leite caramelado!
Do café da manhã, aquele doce
mingau
__ Come menino! Que é pra não
passar mal!
Que doce gostoso, o da goiabada
Que a boca até ficava aguada!
Saudade do leite que azedava
E virava uma boa coalhada
Com torrãozinho de açúcar, quem
não curte
Fazendo de conta que era iogurte!
Saudade das reuniões de domingo
Na casa do saudoso vovô
Era galinha caipira no almoço
__ Chega aí e almoça seu moço!
Saudade da visita dos tios
Que vinham “de fora” com os
primos
Era só diversão legal
A companhia dos meninos!
De brincar de balancinha
Feito de pneu velho e pau
Amarrado com uma cordinha
Na velha árvore do quintal.
De subir no pé de ameixas
E comer a fruta no pé. Lá do alto
Jogar fora as sementes, sem
queixas
E cair lá no chão, só de um
salto.
Brincar de pega-pega, fincas,
tico-tico fuzilado
De esconder, adedanha,
biscoitinho queimou,
Mãezinha da rua, bolinhas de
gude, queimadas
E a bandeira, quem foi que
roubou?
Saudades das rodas de conversa
com os amigos
Na calçada, sempre na escuridão
Dava um frio na barriga, que
arrepio!
Quando contavam casos de
assombração.
Da professora, da minha saudosa
escola,
Dos amiguinhos da classe, das
brincadeiras
Que bom quando chegava a hora
De ir para a quadra jogar bola!
Saudades das boas festas de Natal
De ficar exaustos à espera do
Papai Noel
E no dia seguinte abrir os
presentes, meu Deus do céu!
Era tudo de bom nesta vida,
brincar lá no quintal!
De sair na enxurrada na disparada
E molhar, (que animação!) na
chuvarada!
Depois no chão, o sol desenhar
Para que logo voltasse a brilhar.
Esse tempo doce de criança
Fica para sempre engajado
Na trilha da minha lembrança
No tempo em que tudo era
encantado!
Nada nos impedia de sermos
felizes, nem as nossas dificuldades
Inventávamos nossos próprios
brinquedos, e com que prazer!
Éramos pobres, mesmo, não vou
esconder
Mas tínhamos grandes companheiros
e boas amizades!
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