O Poodle e a pulga
Jaqueline Marli da Costa
Era uma vez
uma pulguinha muito folgada que se chamava Lindinha e vivia no pelo de seu amiguinho Poodle. O Poodle era um cãozinho de pelo branco que se
chamava Marley.
Ele morava com sua
dona, uma menina chamada Karol e era
muito engraçadinho. Vivia fazendo gracinhas para sua dona que sempre dizia:
‘ __ Marley, você é o cãozinho mais lindo desse mundo! Adoro
brincar com você! Marley
gostava de pular, rolar no tapete da sala, correr atrás de sua bolinha colorida, lamber seu ossinho
predileto e ficar no colo de sua dona...
Mas quando chegava alguém, logo já saia correndo e latindo,
pois defendia seu quintal como ninguém. Sua dona até ralhava com ele por ser
assim tão encrenqueiro. Mas ela sabia que ele tinha razão de cachorro para ficar assim.
Marley ficava se coçando todo, e sua dona um dia disse que
precisava levá-lo ao veterinário para ver o que ele tinha.
__ Marley, você está se coçando muito. Deve estar com
pulgas. Acho melhor levá-lo para cortar seu pelo.
Marley ficou apavorado, pois sabia que se fosse levado ao
veterinário, além de ter que tomar vacinas, teria que cortar o pelo todo, tomar
banho, passar perfume de cachorro e ainda iam colocar em seu pescoço uma
gravata azul ou uma coleira nova.
Mas ele sabia o que estava lhe causando aquela coceira e
decidiu resolver o problema, antes que fosse tarde demais. Então chamou:
__ Pulga ? Pulguinha ?
Onde você está sua Lindinha? Pulguinha?
__ Oi, amiguinho, porque está gritando? Apareceu a pulga.
__ Venha até aqui que eu quero falar com você!
A pulguinha, sem hesitar, deu um pulo bem no nariz do
cãozinho.
__ Pronto, já estou aqui, Marley! O que deseja?
Marley então começou a dizer para a pulguinha:
__ Olha Lindinha, de hoje em diante, você não vai mais poder
morar no meu pelo.
__ Puxa vida, amiguinho! Mas por que não? Disse a pulga com
cara de choro.
__ Não quero mais que fique no meu pelo porque eu não
aguento mais ficar me coçando! Meu pelo está caindo todo, de tanto eu me coçar.
Assim, vou ficar careca!
__ Mas eu gosto tanto do seu pelo! Gosto do seu cheirinho de
cachorrinho fofo! Disse ela com voz de choro.
__ Mas se eu continuar me coçando, minha dona disse que vai me levar no
veterinário para eu não ficar mais com pulgas, e sabe o que vai fazer?
__ Não. O que ele vai fazer? – disse a pulga com os olhinhos
voltados para o chão.
__ Ele vai cortar todo o meu pelo e eu vou ficar careca. E eu não quero ficar careca!
E a pulguinha ficou triste, pegou sua trouxinha e colocou no
ombrinho e de cabeça baixa, ainda tentou um último argumento: o mais sincero e
triste argumento:
__ Mas você é o meu melhor amigo! Ah, que pena! Gosto tanto
de passear com você! Quando você vai à praça, gosto de ir também. Quando rola
na areia, eu fico toda suja e nem reclamo!
E agora, onde vou morar?
O cãozinho nem ligou. Mandou ela descer do pelo dele e
disse:
__ Desce daí e vai embora! Para de chorar que não vou me
comover.
Aí ela desceu, pulou no chão e saiu pulando, pulando,
pulando e foi embora com a sua trouxinha nas costas, muito triste. O cãozinho ficou feliz, porque
agora não tinha nenhuma pulguinha para ficar coçando no pelo dele.
Quando ele estava deitado no tapete dele na sala, sua dona
viu que ele não estava coçando mais o pelo, ela disse:
__ Muito bem, Marley! Você não está mais se coçando hoje!
Está limpinho! Não tem nenhuma pulguinha te incomodando.
A pulguinha estava longe, muito longe, procurando um lugar
para morar.
E ele continuou deitado quietinho, quietinho. E começou a
ficar meio triste e sentir falta de alguma coisa.
__ Puxa vida! Estou sentindo falta de alguma coisa... O que
será? Ah! É das cócegas que a pulguinha me fazia! Onde
será que ela está?
De repente, começou a cair muita chuva lá fora. E era cada
raio, de dar medo. E o cãozinho, começou a dormir e sonhou com a sua amiga
pulga. No sonho, ela estava sendo levada pela enxurrada, e estava se afogando.
Então, acordou assustado e latiu triste.
__ Onde será que a pulga está? Eu não devia tê-la mandado
embora. E se ela estiver correndo perigo? E se ela morrer? Vou ficar com
remorso!!!
Sua
dona percebeu que ele estava triste e pensou:
__ O que será que esse cãozinho tem?
Foi quando de
repente, ela o viu abrir a porta e sair latindo e correndo pela chuva afora.
__ Espere, Marley! Onde você vai?
Nem terminou de falar e ele já estava do outro lado da rua.
O cãozinho saiu desesperado procurando a sua amiga pulguinha.
Foi andando, e mais a chuva aumentava. Andou a praça toda
latindo, chamando por ela, procurando-a.
A pulguinha estava escondida debaixo de um banco e nem viu
seu amigo passar, pois seus olhinhos estavam vermelhos e cheios de lágrimas.
Ele começou a ganir, triste, chamando por ela:
__ Pulguinha? Onde você está? Por favor, responda!!!
A pulguinha escutou seu ganido e se alegrou e deu um pulo de
alegria!
__ Oi amigo! Que bom ver você! Já estava com saudade!
__Oi! Onde você estava todo esse tempo? Fiquei preocupado,
com esse temporal, você poderia se afogar!
__ Oh, amiguinho, que bom saber que você ainda é o meu
melhor amigo e se preocupou comigo! Estava escondida da chuva, debaixo do banco,
porque senão a enxurrada ia me arrastar e eu ia morrer afogada mesmo, pois não
sei nadar.
O poodle ficou tão feliz, e falou:
__ Pode pular no meu pelo de novo!
Ela ficou com medo e
disse:
__ Ah, acho que não quero mais morar no seu pelo. Senão você
vai me mandar embora de novo e terei que procurar outro lugar de novo para
morar.
__ Não, pode pular de novo. Vai ficar morando de novo
comigo. Só que quando a minha dona estiver perto de mim, você vai ter que ficar
quietinha, para eu não me coçar. Senão, vou ter que ir para o veterinário e eu
não quero ficar careca! Quando a Karol estiver longe me mim, pode me fazer
cócegas que vou adorar me coçar.
__ Então está combinado! Vou pular no seu pelo de novo e
morar com você! Fico quietinha para não atrapalhar!
E lá se foram eles, felizes da vida!
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